segunda-feira, 12 de novembro de 2018

CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO SIMULAÇÃO DE JULGAMENTO


A sociedade de Construção Civil «Lisboa é um estaleiro» pretende contestar judicialmente a decisão de colocar em hasta pública os terrenos da antiga Feira Popular, assim como todas as anteriores decisões relativas à realização do megaprojeto para Entrecampos, na sequência de ter tomado conhecimento de um parecer do Ministério Público que punha em causa a legalidade do empreendimento. Assim, a empresa que estava interessada em participar na hasta pública, quer agora impugná-la
            A «Lisboa é um estaleiro» alega que o projeto pretendido viola disposições do PDM, assim como decisões dos órgãos autárquicos, ao prever uma área do projeto de apenas 20%, destinada à habitação, quando nas referidas normas se estabelece antes um limite de 25%. Além disso, considera-se integrarem a área destinada a esses 20% de habitação outros terrenos vizinhos, distintos dos da Feira Popular. Mais ainda, na “operação integrada” (sic) do megaprojeto, integram-se parcelas das avenidas da República, das Forças Armadas e da 5 de Outubro, em que se prevê a construção de edifícios totalmente envidraçados, de forma esférica e sobre as vias públicas, criando nos seus moradores a impressão de que os automóveis e motociclos “entram pelas casas adentro”, de forma a recordar e homenagear o “Poço da Morte”, antes existente no local da Feira Popular (propondo-se mesmo que um deles se venha a chamar “Josélito”).
            O Presidente da Câmara contrapõe que o projeto respeita todos os planos e decisões do órgão do município, que a construção de prédios do género das “torres Josélito”, a pairar sobre as vias públicas, para além da beleza arquitetónica da forma esférica, constitui uma excelente forma de aproveitamento dos espaços e não representa qualquer perigo para os moradores, não obstante o caráter espetacular, de criar a sensação da “estrada entrar pela casa dentro”. A atuação em juízo do Presidente da Câmara é apoiada pelas associações de moradores das vias circundantes dos terrenos da Feira Popular, que criaram mesmo o movimento revivalista “Recriar a Feira Popular mais o seu Poço da Morte”, e que alegam que qualquer prédio a ser construído originará “uma vista preferível à atualmente existente, correspondente a uma lixeira a céu-aberto”, solução dita transitória mas que se tem vindo a prolongar há anos sem conta, pelo que defendem o megaprojeto tanto por razões urbanísticas como ambientais.


            Quid iuris?


(N.B. O caso prático é meramente académico, pelo que qualquer semelhança com factos e personagens da vida real é pura coincidência O presente texto constitui apenas uma hipótese de trabalho, destinado a delimitar as questões jurídicas objecto da simulação, podendo – devendo - os pormenores concretos do caso ser completados ou reconstruídos na simulação de julgamento a realizar em cada subturma).


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